Minha opinião sobre a trilogia “Cinqüenta Tons..."
Erika L. James, autora dos livros
Cinqüenta Tons de Cinza; Cinqüenta Tons Mais Escuros e Cinqüenta Tons de
Liberdade; está atualmente no topo dos escritores mais vendidos no mundo, com
essa trilogia. Por quê? O que tem de tão sensacional nesses três
volumes para atrair milhares de leitores? Que tipo de público está atraindo?
Bom, o que tenho a dizer é que
esta trilogia já alcançou níveis de venda compatíveis às vendas dos livros
sobre Harry Porter, O Senhor dos Anéis, Crepúsculo e outros sucessos no mesmo
segmento. Espere um pouco! Acho que não
é justa esta comparação, afinal Harry Porter, Senhor dos Anéis e Crepúsculo são
histórias que em hipótese alguma podemos dizer que não deram trabalho aos
autores para criá-las, bem elaboradas e dignas do sucesso que tiveram e ainda
têm. Mas, em se tratando da história de
amor contada em três volumes entre Anastasia e Christian Grey... Para começar, três volumes foi exagero. Dá
para escrever a história toda só no primeiro volume e ainda assim, usar bem
menos páginas. A autora não teve mesmo tanto trabalho para criar o romance.
Creio que o trabalho maior dela, quer dizer, o prazer maior dela foi ficar
horas e mais horas assistindo filmes pornô de leve sadomasoquismo e
transcrevendo-os para o livro, claro que do jeito dela, de forma a não ficar
claro que estavam sendo copiados.
Copiados! Não posso dizer que foram, mas vocês não concordam que filmes
pornôs no fundo são quase todos iguais? O bom dos filmes é que embora sejam
quase iguais, não importa o número de vezes que assistimos ou quão iguais eles
sejam, o que importa é que eles são sempre prazerosos, nos faz sentir apetite
sexual e quase nunca nos cansamos de assisti-los, pelo contrário, sempre
estamos prontos a assistir mais um e mais um e mais um... A diferença é que não
estávamos assistindo e sim lendo. Entretanto, acho que o grande sucesso é
devido exatamente a essas páginas, porque a história em si não passa de água com
açúcar, do tipo que se encontra nos livros de bolso, que na minha época eram conhecidos
como: Júlia; Sabrina e outros. Como leitora assídua desses livros, garanto-lhes
que li histórias bem mais interessantes e criativas em comparando com a
trilogia dos Cinqüenta Tons.
Eu fui uma das leitoras que
correu para ler por causa da divulgação, boca a boca, qual eu nunca tinha visto
em tão larga escala em qualquer outro livro que tivesse fazendo sucesso. Foi realmente impressionante este boca a boca.
Mas infelizmente, decepcionei-me porque não achei que o livro merecesse tanto
alarde positivo. Se o tomarmos como um todo, ele ficou mesmo a desejar em
vários aspectos, entretanto, em relação a como ele está aguçando o apetite
sexual dos leitores eu reconheço que está e muito. São páginas e mais páginas
dedicadas a escrever detalhadamente as relações sexuais que demonstra um leve
sadomasoquismo entre um casal, os personagens principais.
Além deste apetite sexual, por sinal
sempre bem-vindo, tem a questão da ilusão da possibilidade de encontrar o
grande amor, aquele perfeito e que consiste no: “felizes para sempre”.
Principalmente entre as mulheres, que é grande maioria dos leitores dos
Cinqüenta Tons. Você conhece alguma mulher que nunca sonhou com um príncipe
encantado, em alguma época de sua vida, nem que tenha sido por alguns
instantes? Sonhado e desejado um tipo de homem que não teria nenhum problema em
realizar seus desejos, sejam eles físicos ou morais, sejam simples ou
complexos. Quem não quer relaxar por
alguns momentos tendo a ilusão de pensar que pode sim ter um Christian Grey a
solta por aí. Talvez seja uma questão de sorte, a mesma que teve a Srta
Steele, ou talvez, quem sabe, ele esteja
mais próximo do que imaginamos. Por que não! Um homem que se preocupa em dizer
que você é a mais linda das mulheres, que se preocupa em cuidar das suas
vestimentas e que essas sejam da melhor qualidade, assim como da sua saúde, que
se preocupa com sua alimentação e que a ama incondicionalmente, mas que morre
de ciúmes e de medo de perdê-la, por isso faz tudo para lhe agradar e
proteger. Além de tudo isso, ser bilionário, charmoso e lindo de
morrer! Oras, por que eu não vou acreditar que eu ainda consigo um cara igual
ao Christian Grey? Eu posso, e qualquer mulher também pode sonhar com um desses
para si.
Talvez o segredo de tanto sucesso
esteja no público alvo, que ironicamente foi contraditório, pois a intenção era
tornar a leitura para adultos e aconteceu que os jovens e adolescentes caíram
sedentos sobre os três livros, e os leram cada um esperando ardentemente o
próximo, e por fim, ficaram tristes por ter acabado no terceiro volume.
Acreditem! Eles queriam um quarto, quinto, e por diante. Haja apetite sexual!
Mas, os adultos também leram E.
L. James e, diga-se de passagem, essa trilogia é a única história que ela
escreveu, mas, diferentemente do publico juvenil não se interessaram pelo
enredo e sim pelas muitas páginas de descrições de relações sexuais, na esperança
de que o livro cumprisse com o enredo prometido de lerem sadomasoquismo, o que
não aconteceu, embora tivesse sim algum vestígio disso. O sadomasoquismo estava quase nulo e eu
prefiro entender que foi apenas algo levemente parecido, mais para práticas
estimulantes, um pré-aquecimento para uma relação sexual terminar em longos e
adoráveis orgasmos. A maioria do público
adulto leitor, qual eu fiz questão de me informar, fizeram achar excitantes as
muitas páginas eróticas, porque essa parte é a que mais interessava visto ser a
história um romance meio ilusório e encontrado, principalmente, em contos de
fada. Ou seja, aquele que achamos quase impossível de acontecer, mas, que
desejamos ardentemente que este “quase” aconteça conosco.
Atribuo ainda este sucesso as mulheres
casadas e insatisfeitas, àquelas que sonharam em se casar com homem semelhante
ao Christian Grey, mas que tiveram que se contentarem com o que o destino lhes reservou e por isso não tiveram a mesma sorte de Anastásia Steele e,
enquanto liam a trilogia lembravam quanto frustrante, no aspecto sexual, eram
seus maridos. Talvez a forma que elas
encontraram em chamar a atenção deles parando qualquer coisa que estivessem
fazendo somente para continuarem lendo os Cinqüentas tons... Conheço pessoa que despertou o interesse do
marido desta forma, pois ele ficou curioso para saber o que a esposa estava
lendo a ponto de atrasar jantar, não ver novelas e ter coragem de pedir ajuda
doméstica quando mal ele chegou do trabalho, somente porque ela passou horas
lendo o livro e deixou tudo para fazer na última hora, inclusive lembrar depois
de uma hora de atrasado que tinha que ir buscar o filho no colégio. Resultado: ele leu os três livros e disse a ela que
ela entendeu tudo errado e não percebeu que Christian Grey era gay, e jura que
o personagem era mesmo apaixonado pelo cunhado, namorado da irmã dele e que
aquela história de os dois saírem para pescar ficou muito mal contada...
E vocês, o que acharam dos Cinqüenta
Tons?